Ainda não se sabe o tempo que as crianças vão passar em casa por causa do coronavírus, mas uma coisa é certa: elas vão precisar bastante do apoio dos responsáveis para entenderem o que está acontecendo e para conseguirem criar rotina e autonomia para as brincadeiras e os estudos.
A psicopedagoga Fernanda Janone diz que o momento é ideal para estabelecer um diálogo sincero e construtivo, mostrando que recesso não é férias e que uma rotina precisa ser estabelecida. “É necessário por exemplo, ter hora para acordar e hora para dormir, para fazer as refeições, brincar e assistir televisão ou jogar videogame. A rotina é parte fundamental neste período”, diz ela.
Estabelecida a rotina, Fernanda propõe ideias de brincadeiras para cada faixa etária.
Os menores, até dez anos, precisam desenvolver o raciocínio, a lógica e a coordenação motora, para isso a indicação são brincadeiras como morto-vivo, caça objetos, mimica, pista de carrinhos, pintura, guerra de travesseiros, cabanas e contação de histórias.
Para os maiores, de 11 a 14 anos, as brincadeiras como jogo da velha, memória, dama, uno, forca, são ideias. “Os mais velhos gostam de jogos de raciocínio e isso deve ser estimulado, além de atividades físicas e também pode incluir leitura e interpretação de textos”, afirma ela.
Veja agora as 9 dicas que preparamos para você de como lidar com filhos em casa nesse período de quarentena.
1. Convide-os a pensar na rotina
Nas escolas, o estabelecimento de uma rotina faz com que as crianças tenham uma previsão do que irão realizar e consigam se situar ao longo do dia. Saber que o horário do tablet é logo depois do almoço, por exemplo, pode ajudá-las a administrar a ansiedade. Ela pode ser definida em uma conversa durante o café da manhã, por exemplo.
2. Envolva-os nas tarefas do lar
Não é necessário pensar sempre em grandes malabarismos para encher a rotina com tarefas. Principalmente na creche e na pré-escola, boa parte das atividades servem para mostrar às crianças como funciona o mundo: fazer uma receita, ajudar na limpeza da casa e encher as bandejinhas de gelo são algumas tarefas que permitem que as crianças façam explorações e descobertas.
3. Aposte na autonomia das crianças
Bebês e crianças pequenas costumam ser mais acompanhados de perto em casa do que nas instituições de ensino — em que não há um adulto para cada bebê. Pense a organização do espaço para permitir que eles possam explorar o ambiente e não fiquem todo o tempo no colo ou no berço. Forre o chão e coloque objetos ao alcance para que eles possam descobri-los. Além de brinquedos, itens de cozinha que não apresentem riscos também são uma alternativa.
4. Garanta momentos de leitura
Ver adultos lendo, manipular livros, tentar recontar histórias já conhecidas usando as figuras como referência são algumas atividades típicas da escola e que podem ser replicadas em casa. Leia para as crianças, deixe os livros à disposição e, quando possível, peça também que eles contem histórias para você.
5. Invista na bagunça (e na arrumação)
Permita que os pequenos possam brincar com o próprio ambiente. A sala de estar pode se transformar numa cabana ou em um percurso em que eles precisam escalar cadeiras e pular sobre o sofá. Antes de começar a brincadeira, combine com as crianças o horário da arrumação e relembre sempre do combinado para que eles não esqueçam de participar dela.
6. Possibilite a brincadeira livre
Não é necessário estar o tempo todo junto com as crianças. Permita situações em que elas possam exercitar o faz de conta, mesmo sem a sua supervisão. Esse tipo de brincadeira é fundamental para o desenvolvimento delas. Você pode apoiar esse momento brincando junto quando possível ou ajudando na seleção de objetos e instrumentos que elas possam usar.
7. Aposte nos álbuns de fotos
Tire um tempo para ver, junto com os filhos, as milhares de fotos acumuladas no celular ou no computador. Ter contato com as imagens de avós, da escola e de outros parentes é importante para encurtar a distância imposta pelo distanciamento social, sobretudo com pessoas em grupos de risco.
8. Pergunte sobre o dia a dia na escola
Tente descobrir a música eles ouvem na sala de aula, como dançam na escola, o que comem no recreio e outras informações. Além de ser um bom tema de conversa, pode dar ideias que permitam tornar a quebra na rotina menos intensa para as crianças.
9. Busque alternativas para manter o contato
Realizar videochamadas é uma boa, mas vale também explorar outras linguagens. Um dia, é possível fazer uma carta contando do dia para o restante da família — a criança dita e o adulto escreve. Em outro, dá para elaborar uma pintura para ser entregue aos avós. Também vale pensar em fotos que, acompanhadas de mensagens escritas, são enviadas para os amiguinhos para mostrar a rotina no isolamento.